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Storytelling: NÃO FECHE A PORTA DA FELICIDADE



Era sexta-feira comum. Até aquele momento. A solidão de uma noite pós-faculdade tomara conta de Paula. Desejosa de encontrar seus amigos em uma lanchonete próxima, pegou seu carro e foi em direção à parada oficial de sua turma.

Deu a primeira volta e não achara ninguém. Resolveu tentar novamente, desta vez, com sorte. Fez o retorno com o carro, passou lentamente e vira ao longe seus colegas confraternizando.

Separada há pouco, Paula não se imaginava com outra pessoa tão cedo. A dor e sofrimento ainda faziam parte do seu dia a dia. Encontrar os amigos era uma forma de preencher esse vazio que o ex-marido deixara. Mas sua presença estonteante encantou André, jovem rapaz que tivera sua atenção voltada àquela moça que por ali passava.

Sem pestanejar, André foi atrás de Paula. Não se importara em nenhum momento com o que ela pensaria. Vira ali uma chance de conhecer uma mulher bonita e interessante. De pronto, pôs-se a perguntar se ela tinha compromisso.

– Sou casada – Paula mostrava sua mão com um anel, que na verdade não era uma aliança – só usara como desculpa para afastar aquele desconhecido que tentava se aproximar dela.

A estudante, quando passara pelo quebra-molas, havia piscado o farol do carro, o que fez André pensar que ela estava acenando para ele, fazendo com o que ele emparelhasse seu carro com o dela.

A interrupção daquele estranho fizera com que ela retornasse o carro em direção à sua casa e desistisse de aproveitar a noite com seus amigos. Insistente, André continuou seguindo a mulher.

Com medo de saber seu endereço, Paula parou em uma esquina, e de forma súbita, resolveu sair do carro, pronta para brigar com aquele homem hostil que a seguia.

Mas ela não contava com sua lábia de vendedor. André começara a puxar assunto e Paula, frágil pelo recente término, acabou se entregando ao assunto e desabafando com o desconhecido.

Ele disse à moça que não era de Brasília e que atualmente trabalhava como representante de máquina copiadora. “Como o mundo é pequeno”, pensara. André já havia vendido máquinas para diversos colegas de trabalho de Paula, professores, diretores e inclusive seu irmão. A jovem se sentiu segura, já que o homem misterioso havia contato com diversas pessoas de sua convivência.

De forma avassaladora, Paula despejou todas as suas angústias em cima de André. Contou sobre seu recente término, seus três filhos e toda situação complicada a qual estava se vendo obrigada a passar. “Nunca mais irei encontrar esse homem” – pensara. Viu ali uma oportunidade de desabafar com alguém que não a julgaria pelos seus problemas.

André pediu a Paula seu contato e comentou que, quando retornasse a Brasília, iria ligar para ela, que por sua vez, preferiu não pegar o telefone do homem.

No dia seguinte, sábado, Paula teria aula em sua Universidade, a Católica. André pedira para sua irmã ligar para a filha da mulher que encontrara na noite anterior. Com seus nove anos de idade e de forma inocente, passou o endereço de sua casa para a suposta amiga de sua mãe, que dizia desejar fazer uma visita para a velha amiga.

Para impressionar, André comprara diversas flores e enviara à casa de Paula junto com um bilhete: “Não feche as portas da felicidade, pois não estará fechando apenas para você”. Seu contato viera junto ao cartão.

Como forma de agradecimento, Paula entrou em contato com aquele rapaz, que passou a ser o homem de sua vida. Há 25 anos compartilham uma história de amor e felicidade que encanta todos a sua volta.


História contada por Paula - pseudônimo e escrita por Tatiane Ramalho

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